Em parceria com a Polícia Militar, Guarda Civil Municipal e COMPIR, casas de matriz africana articulam a implantação do projeto pioneiro da CENARAB, que visa garantir segurança, respeito e liberdade religiosa.
A Câmara Municipal de Sete Lagoas sediou, no último dia 04 de novembro, uma Reunião Especial promovida pelo vereador Rodrigo Braga, a pedido da CENARAB (Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira), da FESCAB (Federação Social e de Cultura Afro-Brasileira de Sete Lagoas) e do terreiro de Candomblé Nzo Kiambeta Njimbo.
O encontro teve como pauta central a apresentação do projeto “Espaços Sagrados Protegidos”, uma iniciativa que busca garantir segurança, respeito e liberdade de culto às casas e terreiros de matriz africana do município.
Durante a reunião, a CENARAB foi representada por Makota Celinha, militante histórica e expoente da luta contra a intolerância religiosa em Minas Gerais. Ela apresentou o projeto e destacou a importância da iniciativa, garantindo que a CENARAB acompanhará toda a implantação do programa, além de patrocinar a confecção das placas de identificação que serão fixadas nas fachadas dos espaços sagrados.
De acordo com a proposta, cada casa de matriz africana receberá uma placa de identificação simbólica, que indicará à sociedade que aquele é um espaço sagrado protegido contra a intolerância religiosa. Mais do que um ato simbólico, o projeto representa a afirmação do direito à fé, o fortalecimento das tradições ancestrais e o reconhecimento da contribuição afro-brasileira na formação cultural da cidade.
A iniciativa contará com o apoio da Polícia Militar, da Guarda Civil Municipal e do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (COMPIR). Juntos, esses órgãos, ao lado das lideranças religiosas, irão construir estratégias de enfrentamento à intolerância religiosa, além de auxiliar na tipificação adequada dos crimes e na elaboração dos boletins de ocorrência, permitindo a criação de um banco de dados sobre casos de intolerância em Sete Lagoas.
Entre os presentes na reunião, estiveram:
• Alexandre Magno Abreu de Souza – Tata Kissasengê, sacerdote do terreiro Nzo Kiambeta Njimbo;
• Fabiano Santana, vice-presidente da FESCAB, representando a presidente Makota Nsindandê, que esteve presente cumprindo preceito religioso;
• Marcelo Justino da Silva, vice-presidente do COMPIR e Luís Augusto Cardoso Lourenço membro do conselho
• Supervisor Fernando Diniz, representando a Guarda Civil Municipal;
• Major Antônio Ferreira Oliva Neto, representando o comando do 25º Batalhão da Polícia Militar.
Durante o encontro, também foi informado que está em andamento um levantamento e cadastro oficial de todas as casas e terreiros de matriz africana de Sete Lagoas, que será realizado em parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura e a FESCAB.
Assim que o levantamento for concluído, será agendada uma nova reunião com representantes dos órgãos de segurança, do Poder Executivo, do Ministério Público, da Defensoria Pública e das representações religiosas, para definir as próximas etapas de implantação do projeto.
O vereador Rodrigo Braga, autor do requerimento que motivou a reunião, destacou o significado do momento:
“Este projeto representa respeito, reconhecimento e reparação histórica. Os terreiros são espaços de fé, cultura e resistência, e merecem ser tratados com dignidade. ‘Espaços Sagrados Protegidos’ é mais do que uma placa, é um compromisso de Sete Lagoas com a liberdade religiosa e com o combate à intolerância”, afirmou o parlamentar.